domingo, 13 de março de 2011

Superlucros x Superexploração do trabalho! Por dignidade para os trabalhadores de supermercados.

por Núcleo de Trabalhadores PSOL - Curitiba

Os acionistas das redes de hipermercados que atuam no Brasil têm grandes motivos para comemorar. O crescimento nas vendas de 2008 a 2010 foi, em média, de 10% ao ano. O faturamento do setor somente em 2009 foi de 177 bilhões. Melhor ainda foi o resultado para os três maiores grupos empresariais (Grupo Pão de Açúcar, Walmart e Carrefour), que controlam 40% do mercado nacional. Sozinho o Grupo Pão de Acúcar faturou, em 2009, 21 bilhões.

Tais números seriam motivo de grande festa, não fosse uma realidade esquecida. Os lucros estonteantes dos hipermercados confrontam-se com condições indignas e precárias dos trabalhadores que neles se empregam. Em Curitiba e região a situação não é diferente!

Os salários são baixíssimos, com piso salarial entre R$510,00 e 640,00, conforme a função desenvolvida (Convenção Coletiva de Trabalho, 2010/2011). As condições de trabalho ameaçam a saúde e a integridade física dos trabalhadores, com a utilização indevida de banco de horas, o trabalho aos domingos, o controle das idas ao banheiro, a cobrança constante de maior produtividade e o acúmulo de tarefas.

Os problemas são vários: é comum que os caixas adquiram problemas no sistema urinário por terem que ficar horas sem ir ao banheiro; o assédio dos clientes, que desrespeitam os trabalhadores, sem se dar conta de que as grandes filas são geradas pelos próprios mercados, que economizam nas contratações para ganhar mais; a terceirização ilícita, com a contratação de expositores e repositores por meio de outras empresas, com o intuito de burlar a lei e retirar a responsabilidade dos mercados sobre tais trabalhadores; e a discriminação salarial das mulheres, que freqüentemente ganham menos do que os homens, ainda que exerçam funções idênticas.


Tudo isso faz com que os trabalhadores dos supermercados não agüentem permanecer por muito tempo no emprego, havendo grande rotatividade no trabalho. Bom para as empresas, que sempre estão demitindo um grande número de trabalhadores e contratando novos empregados com salários menores, precarizando cada vez mais as condições de trabalho.

Será possível reverter esta situação? Realmente tal tarefa não é fácil! Só pode ser atingida com a organização e luta dos trabalhadores por melhores salários, condições de trabalho e de vida. É uma luta árdua, com vitórias e derrotas, e depende de que os trabalhadores tomem para si o sindicato. Não para obtenção de privilégios pessoais, mas como instrumento de defesa dos interesses dos trabalhadores da categoria. O SIEMERC precisa ser democrático e independente dos patrões. Precisa estar inserido nos locais de trabalho, garantir a participação dos trabalhadores e lutar de forma intransigente pelos seus interesses, o que não ocorre atualmente.

Esta não é uma luta nova. Outras categorias de trabalhadores já a fizeram e conseguiram conquista reais! É hora de começar uma campanha pela DIGNIDADE PARA OS TRABALHADORES DE SUPERMERCADOS!

Você sabia?

Que o WalMart enfrenta a maior ação por discriminação sexual da história dos Estados Unidos. A ação, que segundo a imprensa pode reunir dois milhões de mulheres, com sentença de primeira instância, condenou o WalMart por pagar salários inferiores às mulheres.
Que a não permissão para ir ao banheiro para os operadores de caixa de supermercado, gera o direito à indenização por dano moral na Justiça do Trabalho.
Que o Ministério do Trabalho possui norma específica sobre as condições de trabalho dos operadores de caixas de supermercado (Anexo I, da Norma Regulamentadora nº 17, disponível no site www.mte.gov.br), prevendo, entre outras coisas que: “É vedado promover, para efeitos de remuneração ou premiação de qualquer espécie, sistema de avaliação do desempenho com base no número de mercadorias ou compras por operador” (item 4.2.)

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