domingo, 11 de setembro de 2011

Outro 11 de setembro

Em 2001, atentado terrorista em Nova York marcou esta data. Mas, em 1973, aconteceu outro fato bastante marcante para a história mundial: o governo terrorista dos EUA apoiaram, organizaram e executaram golpe de estado contra o presidente do Chile Salvador Allende. A ditadura Pinochet, que tomou posse após o Golpe, matou mais de 30.000 pessoas no Chile e criou também um sistema educacional privatizado, alvo de protestos que estão fazendo os movimentos sociais renascerem no Chile.

Independente das análises que possam ser feitas do governo da Unidade Popular liderado por Salvador Allende, lembrar o 11 de setembro chileno é lembrar de mais uma ação terrorista do governo americano. Sem querer fazer uma competição entre a importância dos acontecimentos da data, lembrar o golpe contra Allende é papel da mídia alternativa, visto que a “mídia corporativa” só tem olhos para os eventos de 2001.

Publicamos abaixo um documentário sobre as últimas horas de Salvador Allende e seu último discurso, onde ele reafirma a certeza de que só a destruição do capitalismo pode salvar a humanidade da barbárie.

http://www.youtube.com/watch?v=zqvmWveMS4w&feature=player_embedded

“Compatriotas

Esta será seguramente a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A aviação bombardeou as antenas da Radio Portales e Radio Corporación. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção, e elas serão o castigo moral para os que traíram o juramento feito: soldados de Chile, comandantes-em-chefe titulares e mais o almirante Merino, que se autodesignou, e o senhor Mendoza, esse general rasteiro, que ontem me manifestara sua fidelidade e lealdade ao governo.

Frente a estes fatos, só me cabe dizer aos trabalhadores: não vou renunciar!

Colocado neste transe histórico, pagarei com minha vida a lealdade do povo, e digo-lhes que tenho certeza que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos não poderá ser apagada definitivamente. Eles têm a força, mas não se detêm processos sociais pelo crime e pela força. A História é nossa, ela é feita pelos povos.

Me dirijo ao homem chileno, operário, camponês, intelectual, àqueles que serão perseguidos porque em nosso país o fascismo já se faz presente há algum tempo em atentados terroristas, sabotagens de estradas de ferro e pontes, oleodutos e gasodutos.

Frente ao silêncio dos que tinham a obrigação … [interrupção momentânea da transmissão da Radio Magallanes] – … a que estavam submetidos. A História os julgará.

Seguramente, Radio Magallanes será calada e o metal tranqüilo da minha voz não chegará mais a vocês… Não importa … Não importa, vocês seguirão me ouvindo, estarei sempre junto de vocês, pelo menos minha lembrança será de um homem digno, leal à lealdade dos trabalhadores.

O povo deve se defender, mas não se sacrificar. Não deve deixar-se arrasar nem crivar de balas, mas tampouco pode se deixar humilhar.

Trabalhadores da minha pátria: tenho fé no Chile e no seu destino. Este momento cinzento e amargo, onde a traição pretende se impor, será superado. Sigam sabendo que muito mais cedo do que tarde de novo se abrirão as grandes avenidas por onde passará o homem [livre] digno que quer construir uma sociedade melhor…

Viva Chile, viva o povo, vivam os trabalhadores… Estas são minhas últimas palavras … Tenho certeza de que meu sacrifício não será em vão, tenho certeza de que pelo menos será uma lição moral que castigará a felonia, a covardia e a traição…”

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